O copo d’água permanece ao alcance das mãos, quase como um e emocional. Ceres Felski, irmã de Indira Mihara Felsky Krieger, de 35 anos, morta no dia 8 de janeiro deste ano, veste uma camiseta com a foto da irmã com o clamor de toda a família: Justiça.
Com lágrimas nos olhos e a voz trêmula, Ceres relembra o momento que percebeu que algo poderia estar errado com a irmã. Não é fácil segurar a emoção ao lembrar daquele sábado, 8 de janeiro, por volta das 19h, ou das mais de 8 horas de agonia que antecederam a revelação mais chocante de sua vida. Ceres foi quem encontrou o corpo de Indira.

“o o tempo todo que estou acordada lembrando dela, lembrando de cenas, revivendo aqueles momentos. É um filme que fica ando o tempo inteiro”, conta, emocionada. “Não faz sentido apagar a vida de uma pessoa assim”, afirma. Agora, o que eles querem é Justiça.
Ela relembra que, no dia anterior, Indira agiu normalmente: mandou uma mensagem no grupo de WhatsApp da família, uma imagem da internet, conversou com as irmãs. Mas no dia seguinte, sábado (8), foi que a família suspeitou que algo tivesse errado.
Outra irmã de Indira acionou Ceres quando recebeu uma mensagem pedindo dinheiro. Segundo as investigações, a mensagem teria sido enviada por Leonardo Trainotti, namorado da vítima e que se apresentou à polícia dois dias depois do crime.
As irmãs ligaram e quem atendeu foi Leonardo, que deu desculpas do paradeiro de Indira: primeiro, ele afirmou que ela estava no banheiro e por isso não poderia falar. Depois, que ela havia saído.

Foi quando Ceres intimou: se Indira não retornasse o contato em 10 minutos, iria acionar a polícia. Ela notou, na conversa por telefone, que ele estava nervoso, gaguejando.
Quando os 10 minutos se aram, Ceres e outra irmã foram até o apartamento de Indira. Deram de cara com a porta trancada, mas resolveram esperar. Indira tinha um compromisso com a família e não costumava se atrasar. Mas ela nunca chegou ao compromisso.
Na segunda tentativa de entrar no apartamento, horas depois, as irmãs perceberam que o segredo da fechadura havia sido trocado, apesar de Indira já ter dito jamais ter feito isso. Elas suspeitaram de Leonardo.
“O que eu queria era encontrar ela numa festa, qualquer coisa que eu ficasse muito brava, que eu brigasse muito com ela”, recorda Ceres.
Cerca de 8 horas depois, as irmãs conseguiram abrir a porta, com auxílio de um chaveiro. A cena diante delas era de horror. A irmã estava morta, e o ar-condicionado ligado a 16 °C. “Para conservar, para que a gente não achasse ela”.

“A crueldade e a frieza dele foi tão grande que ele ainda deixou assim pra que a gente não encontrasse”, afirma Ceres. A família e a polícia suspeitam de Leonardo Trainotti. A reportagem do ND+ tentou contato com a defesa dele duas vezes: a primeira quando ele se entregou, no dia 10, quando a advogada Tayana Rosetto afirmou que apenas se posicionaria com o fim do inquérito. A segunda tentativa foi nesta quinta-feira (3), e até a publicação desta reportagem ainda não obteve retorno.
Abalo emocional na família 6481w
A morte de Indira causou uma rachadura no peito de todos os familiares. Todos am por tratamento para o trauma sofrido. “Está sendo muito difícil”, revela Ceres.
Indira sempre foi irada pela família e por quem teve a oportunidade de estar ao lado dela. Na escola, era uma aluna dedicada e esforçada. Tirou nota máxima na prova da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Fazia trabalho voluntário com pessoas em situação de rua, acolhia cães abandonados. “Uma pessoa do bem, carinhosa”, relembra a irmã, com afeto.
Investigação d4n17
Segundo o delegado, o crime aconteceu na casa da vítima, possivelmente após uma discussão do casal, que poderia ter começado após Indira encontrar o companheiro usando cocaína. Eles teriam discutido e Indira foi atacada. Ela morreu asfixiada, segundo laudo da necropsia.
Conforme Ferraz, o caso tem sido tratado inicialmente como feminicídio. A polícia ainda tenta esclarecer o que realmente motivou o assassinato, se foi motivado pela discussão ou por outras razões. Latrocínio, para o delegado, ainda pode ser uma possibilidade, já que o suspeito levou dois veículos e um celular da vítima após o crime.
Com imagens de câmeras de segurança do prédio de Indira, a polícia conseguiu traçar uma linha do tempo dos fatos. Quando a vítima chegou em casa, na noite de sexta, o suspeito já estava no local. Pelas imagens, ele sai de lá por volta da 1h30 da madrugada de sábado (8). “A gente crê que a morte aconteceu neste período”, explica o delegado.
Vítima atuava no Cartório 5r5j5n
Indira atuava no Cartório da Comarca do bairro Fazenda em Itajaí e era irmã da Juíza Dra. Anuska Felski, titular da 1ª Vara Criminal da Comarca de Itajaí. O velório esta previsto para às 13h no cemitério Fazenda e o sepultamento será às 16h.
*Com informações de Calebe Moreno, da NDTV