*Contribuiu a repórter Daniela Meller.
Faltando sete minutos para às 15h, o suspeito Kelber Henrique Pereira, 28 anos, chegou à DIC (Divisão de Investigação Criminal) de Blumenau escoltado por dois policiais penais para prestar depoimento sobre o crime que, no decorrer do interrogatório, acabou confessando: ele matou a esposa, Jéssica Ballock, 23 anos, e o filho, um bebê de apenas três meses, degolados.
Kelber Henrique Pereira prestou depoimento à polícia na tarde desta segunda-feira (8), em Blumenau. – Vídeo: Daniela Meller/ND
O depoimento começou às 15h30 e levou mais de três horas. Após, em entrevista coletiva, o delegado responsável pela investigação, Ronnie Esteves, deu detalhes sobre o depoimento de Kelber.
“Nossa ideia inicial era tentar entender o que tinha acontecido ali no dia do crime e ele relutou muito em falar. Nós trabalhamos muito desde o início para saber como eles se conheceram, como era o relacionamento dele com ela, com a família. E ele sempre falando muito bem da Jéssica, que quando o Kaleb nasceu para eles foi uma felicidade e, aparentemente, a família vivia muito bem. Até que chegarmos ao dia que ele matou a Jéssica e o filho”, conta Esteves
O dia do crime 6b3643
No sábado, 23 de julho, o casal teria realmente ido até a casa dos sogros. Após, Kelber deixou a família em casa e foi comprar drogas. “Quando ele voltou, a Jéssica estava no sofá e ali ele começou a usar a droga. Em determinado momento, ele parou de usar a droga e jogou fora, segundo ele”, destaca o delegado.
Mais tarde, a família teria tomado banho e ido para o quanto dormir. Os pais e o filho de 2 anos dormiam na cama e o bebê de três meses no berço. “Ele conta que, de repente, na madrugada, ele acordou e, sem ter um porquê, que não teve uma motivação, ele resolveu pegar a Jéssica pelo pescoço. Ele aperta o pescoço da esposa, ela desfalece. Ele conta que o coração dele batia muito forte e que ele precisava terminar o serviço”, detalha o delegado.
Conforme o depoimento, Kelber vai até o cozinha, toma um copo de água e retorna ao quarto. Nesse momento, ele puxa a esposa da cama e a joga do chão. “Nessa intenção de terminar o serviço, ele retorna à cozinha, pega uma faca, se coloca ao lado dela, a Jéssica tenta voltar, se reestabelecer e, então, ele a a faca no pescoço dela”, revela Esteves.
O delegado informou que a vítima tinha uma lesão no dedo, possivelmente causada ao tentar se defender da agressão. Além disso, Kelber disse não saber quantas vezes ou a faca no pescoço da vítima, mas o laudo aponta que foi mais de uma vez.
“Após matar a Jéssica, o bebê começou a chorar. Ele fala que não sabia o que fazer com a criança, já que ele já tinha matado a mãe. Ele não sabia como iria criar uma criança que ainda amamentava sem a mãe. Assim, ele pega o bebê do berço, coloca na cama e também a a faca no pescoço da criança”, diz o investigador. Para o bebê, o laudo também aponta que kelber cortou a garganta da criança mais de uma vez.
Depois de ter matado os dois, segundo o depoimento, homem vai ao banheiro, lava as mãos, retorna ao quarto, pega o outro filho, coloca na sala, toma banho, faz uma malinha para a criança, pega o carro e segue sentido Bragança Paulista. O homem teria afirmado que a intenção de kelber era, desde o início, entregar o filho mais velho para a mãe em Minas Gerais.

Por que não matou o outro filho? 4p4u73
Segundo o delegado, o depoimento relevou que a intenção do homem nunca foi matar o filho mais velho. “Ele não queria matar o Kaleb. Questionado do motivo pelo qual ele não matou o menino, ele disse que só matou o bebê porque para ele, ele não teria condições de cuidar da criança sem a mãe, como ele já tinha matado a mãe, ele achou que ele tinha que matar o bebê, mas o Kaleb, com mais autonomia, ele teria condições de leva-lo e cuida-lo”, explica o delegado.
Kelber em relação ao crime 624d5w
O delegado Ronnie Esteves destacou que o suspeito demonstrou uma “emoção forçada” e que o único momento em que chorou foi quando falou da sua estrutura familiar.
“Ele disse que a ficha ainda não caiu. Ele acredita que vai retornar para casa e encontrar a mãe e o filho. Durante o depoimento, ele foi questionado sobre a cena e ele disse que vinha vendo aquelas imagens. Se percebe um certo desespero, mas é uma emoção um pouco forçada. Ele só chorou no final do interrogatório. Uma lágrima caiu quando ele foi questionado sobre a origem familiar dele. Se percebe que ele não tinha uma base familiar e é ali que ele se emociona mais”, detalha.
Arrependimento d4u1i
Durante o depoimento, Kelber disse estar arrependido, porém, afirmou que só pediria perdão ao filho de 2 anos. “Perguntei se ele gostaria de pedir perdão a alguém e ele disse que a única pessoa que ele pediria perdão seria o Kaleb. Ele espera um dia encontrar o filho e falar o que realmente aconteceu e pedir perdão”, conta Esteves.
Finalização do inquérito 3q446o
O depoimento de Kelber Pereira era o que faltava para o delegado conseguir finalizar as investigações. Ele informou que já recebeu os laudos e que já ouviu outras pessoas. “Outros depoimentos já foram colhidos e, agora, com o interrogatório, ele detalhando exatamente como aconteceu, já estamos caminhando para finalizar o inquérito”, afirma.
Após a finalização do inquérito policial, a investigação vai para o Ministério Publico, que oferece uma denúncia ao Poder Judiciário. O juiz recebe e o suspeito vira acusado.