A morte da jovem grávida de 24 anos em Canelinha, na Grande Florianópolis, deixou perplexos até mesmo os policiais que investigam o crime. Encontrada dentro de uma cerâmica abandonada com o ventre cortado e sem a filha que gestava há oito meses, a mulher foi morta por uma amiga e teve a criança roubada após um parto forçado.
O assassinato, digno de crônica policial e séries de TV, estampou os noticiários do Brasil e chegou a ser assunto internacional. Para o delegado responsável pelo inquérito, Paulo Alexandre Freyesleben e Silva, a cena do crime e o cenário criado pela assassina que confessou o homicídio é “chocante”.

Na polícia há 22 anos, o delegado afirma nunca ter visto nada parecido. “Foi de uma barbaridade e de uma brutalidade tamanha. A forma como ela planejou também choca”, comentou.
O delegado foi quem colheu o testemunho de Rozalba Maria Grime, de 26 anos, que confessou o crime. Ele conta que ela agiu de forma tranquila. “Não, ela não pareceu se arrepender”, afirmou Paulo.
No testemunho, Rozalba deu detalhes de como planejou a morte jovem. Contou que, para a família, mentia sobre uma falsa gestação e postava informações sobre a espera de uma suposta filha nas redes sociais. Segundo ela, foi assim que conseguiu se aproximar da vítima.
Presa desde o final de agosto, Rozalba está no Presídio Feminino de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina. O esposo dela, Zulmar Schiestl, de 44 anos, também foi preso, já que a polícia e Ministério Público acreditam que há indícios da participação dele no crime.
Cena triste 694l12
Leandro Pedro Rodrigues é policial civil há 15 anos e foi um dos primeiros a chegar à cerâmica abandonada em que o corpo da vítima foi encontrado, no dia 27 de agosto. Acionado por volta das 10h, ele encontrou o companheiro da jovem grávida, que achou o corpo, alguns familiares e a Polícia Militar.
“Eu vim mais cedo para o trabalho para cuidar da investigação do desaparecimento dela [jovem grávida]. No meio do caminho, recebi uma ligação e vim para cá”, relatou o investigador à reportagem do nd+, no centro da cerâmica abandonada. “Foi um crime que eu nunca vi e espero nunca mais ver. É uma cena triste”, concluiu.

Crimes parecidos up3r
Apesar da crueldade, Rozalba não foi a única mulher a cometer este tipo de crime. A história policial recente tem ocorrências parecidas, inclusive no Brasil. Em 2018, em Minas Gerais, uma mulher matou outra gestante com requintes de perversidade.

Foi na cidade de João Pinheiro, no dia 16 de outubro daquele ano, que a amiga de uma grávida de 23 anos amarrou a mulher a uma árvore e cortou sua barriga para roubar a filha.
A assassina morava com a vítima e disse que pegou a filha da mulher para justificar a falsa gravidez.
A gestante de Minas Gerais, assim como a vítima de Santa Catarina, morreu em decorrência de uma hemorragia provocada pelo corte no ventre. A assassina foi condenada a 38 anos de prisão.

Dois anos antes, em 2016, a cidade de Uberlândia, também em Minas Gerais, foi palco do mesmo crime. Uma jovem de 19 anos grávida foi morta por enforcamento e teve sua filha roubada por uma moradora da cidade.
A assassina, de 30 anos, disse em depoimento que convidou a vítima para entregar um presente para a criança. Ela teria simulado estar grávida e planejava apresentar o bebê como se fosse seu. A mulher foi condenada a 33 anos e sete meses de reclusão.
Nos Estados Unidos, Lisa Montgomery foi levada ao hall da morte após cometer o mesmo crime, em 2004. Ela foi condenada pelo assassinato de Bobbi Jo, aos oito meses de gravidez, no Missouri. Segundo o noticiário norte-americano, a mulher conheceu a vítima pela internet e fingiu estar interessada em comprar um cachorro dela.
No local, ela usou uma faca de cozinha para retirar a bebê do útero da vítima ainda viva.

Contrapontos 6p1l4f
Rozalba Maria Grime
A nova defesa de Rozalba ainda não foi divulgada. Após o pedido de sanidade mental ser protocolado pelo antigo defensor, a acusada solicitou um novo advogado público. Responsável pela nomeação, o juiz do processo indicou uma pessoa que tem até 10 dias para se manifestar. O prazo encerra nesta sexta-feira (18).
Zulmar Schiestl
“A defesa do senhor Zulmar, através seu advogado, Dr. Ivan Roberto Martins Junior, tem a dizer que comprovará a sua inocência durante a instrução processual, bem como não medirá esforços até que venha à tona a verdade, qual seja, o fato de que o mesmo não teve nenhum tipo de participação nos crimes dos quais está sendo injustamente acusado”.