Um terremoto de magnitude 6,8 atingiu o centro do Marrocos na sexta-feira (8), deixando mais de 2.000 mortos, segundo informações do Ministério do Interior do país. A cidade de Marrakech, um destino turístico popular, foi fortemente afetada, com estimativas de cerca de 300 mil pessoas impactadas, um terço da população da cidade.

O casal do Norte de Santa Catarina, Mariana Stafin Schultz, de 25 anos, e João Henrique Zahdi Ricetti, de 34, estava no Marrocos para compromissos profissionais quando o terremoto abalou a região. Em uma entrevista para o portal ND+, eles compartilharam detalhes de como enfrentaram o desastre.
Mariana explicou que estava acompanhando João, um geocientista, em uma conferência da UNESCO em Marrakech, antes de sua viagem programada para as Ilhas Canárias, na Espanha. Ela descreveu o início do terremoto: “Foi muito angustiante. A gente estava quase dormindo quando de repente começou um barulhão. Eu tive a sensação de que alguém estava tentando invadir o quarto, projetei um grande medo. Aí o João falou que era um terremoto.”
A fisioterapeuta explicou que, rapidamente, eles saíram da cama e buscaram abrigo embaixo de um arco estrutural no quarto do riad (casa tradicional no Marrocos), com João puxando um colchão para protegê-los. “A minha primeira reação foi do corpo querer paralisar perante aquele medo, e aí a gente se deu conta de que estava subindo uma poeira, começou a entrar poeira pela janela. A partir dali, a gente tinha que sair o mais rápido possível porque o prédio podia vir abaixo”.
Momento em que o casal retorna ao hotel para recuperar seus pertences após o terremoto – Vídeo: João Henrique Zahdi Ricetti/Divulgação/ND
O casal teve que arrombar a porta do hotel para escapar e se deparou com um cenário de caos nas ruas. Mariana destacou que, como estrangeiros, eles se sentiram vulneráveis e se juntaram a outros brasileiros em busca de segurança.
“Chegando na Praça Central, a gente se viu ali com muitos turistas, muitos locais, muita gente em desespero. A praça ficou realmente muito cheia. A polícia logo chegou. E aí quem estava ferido já foi indo para perto da polícia, então, muita gente ferida, muita gente sangrando”, disse Mariana.
João, que havia vivenciado anteriormente um terremoto na Península Antárctica, reconheceu os sinais do tremor. Ele descreveu a experiência como um movimento intenso, com a sensação de subida e descida. “Eu já tinha ado por um terremoto, mas numa escala muito inferior. Mas absolutamente sem comparação com esse. Como geocientista, a gente fala muito sobre tectonismo e sismos. Os barulhos e movimentos caóticos foram indicativos, e eu sabia que era um terremoto”.
Ele explicou sua reação durante o terremoto: “A primeira reação da hora foi aquela de ‘Meu Deus, parece que tá ando um ônibus gigantesco aqui do lado’. A gente percebeu que não podia ser isso, já que estávamos no centro histórico, onde não cabem carros grandes. Então, a dúvida se transformou em certeza de que era um terremoto. Aí, nós nos escondemos embaixo de um arco estrutural do riad e puxamos um colchão para nos proteger”.
Atualmente, o casal está hospedado em um apartamento, afastado do centro histórico. Planejam manter sua data de saída do Marrocos, agendada para a próxima quinta-feira (13), quando suas agens estão marcadas. Embora tenham saído ilesos do terremoto, a experiência deixou marcas. Enquanto o casal se recupera, o Marrocos enfrenta desafios significativos após a tragédia, com um grande fluxo de turistas buscando deixar o país e esforços humanitários em andamento para auxiliar as vítimas.
O casal descreveu o país como retomando a vida rapidamente, apesar das dificuldades. João explicou o cenário atual em Marrakech: “Nesses dois dias que aram, ficamos bem reclusos. As lojas começaram a abrir, e a vida está seguindo”.