Santa Catarina repetiu a alta de feminicídios no primeiro semestre de 2023. Foram ao menos 30 mulheres mortas em razão de gênero ou em contexto de violência doméstica até junho deste ano, segundo dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública).

No mesmo período do ano ado, 29 mulheres foram mortas. O secretário de Segurança Pública, Paulo Cezar Ramos de Oliveira, afirma que a pasta está reabrindo processos de violência contra a mulher, especialmente do ano ado, para identificar os autores.
“Desde o caso mais leve até os mais graves, para que todos sejam tirados da gaveta. Às vezes a delegacia está lidando com tráfico, roubo, crime organizado, mas já chegamos a um consenso, por se tratar de uma ferida aberta na nossa sociedade. O delegado-geral Ulisses Gabriel vai fazer uma gestão junto a todas as delegacias do Estado para que os casos sejam reabertos e investigados”, explica.
Ainda de acordo com Oliveira, a ideia é aprofundar espaços de reflexão para que homens autores de violência sejam reabilitados, “para não tratar a questão apenas de forma punitiva”.
“Óbvio que não vamos abrir mão. Houve um crime contra a mulher, mas se através da conscientização nós conseguirmos reduzir a violência, porque muitas vezes a mulher não quer a separação, ela gostaria que encerrasse o ciclo da violência no qual ela é vitima”, defende.
Em meio aos dados, Santa Catarina informou, em abril, não possuir efetivo policial e verba suficiente para manter abertas as delegacias da mulher por 24 horas, demanda exigida em lei pelo governo federal.
De acordo com o Observatório da Violência Contra a Mulher, Santa Catarina possui 32 DPCAMIs (Delegacias de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso). Isso é equivalente a 10% das delegacias no Estado.
Aumento de estupros de vulneráveis n3x6b
O novo Anuário do FBSP (Fórum Brasileiro da Segurança Pública), divulgado nesta quinta-feira (20), revela que o Brasil nunca registrou tantos estupros como em 2022. Foram 74.930 casos, envolvendo mulheres, meninas, homens e meninos.
Santa Catarina está entre os Estados que registraram aumento de vítimas vulneráveis: foram 3058 vítimas, 350 casos a mais que o ano anterior. Nesta categoria se enquadram menores de 14 anos, pessoas enfermidade, doença mental ou sem discernimento. O aumento de 11,2% é o 12º maior entre as Unidades da Federação.
Foram 3.058 vítimas com idades até 14 anos, frente a 2.708 registradas no anterior em Santa Catarina. Já entre os casos envolvendo mulheres com mais de 14 anos foram documentadas 1.483 vítimas, uma a menos que 2021, de acordo com o Anuário.