
Três policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) de Florianópolis foram presos no final da tarde desta quinta-feira por suspeita de forjarem provas em ocorrência que acabou com a morte de um inocente em Balneário Piçarras em 15 de novembro de 2017.
Na ocasião, o açougueiro José Manoel Pereira, 44 anos, que era ageiro de um Siena Preto, foi baleado na nuca. O carro, que teria sido confundido com veículo de assaltantes de banco, foi alvejado pelos policiais em uma das avenidas principais da cidade.
A prisão foi decretada pelo juiz Marcelo Pons Meirelles da Vara de Direito Militar. Na decisão, o juiz relata que os policiais ao suspeitaram da conduta dos ocupantes do veículo deveriam ter dado ordem de parada ao invés de “efetuar, mesmo sem qualquer ataque, resistência ou risco às suas integridades físicas, disparos de arma de fogo contra o veículo”.
“Os elementos colhidos até o momento apontam que os acusados participaram de operação policial deflagrada pelo Gaeco de ville em Balneário Piçarras, que poderia ter sido bem sucedida, não fosse a sucessão de erros istrativos e criminais praticados pelos acusados após a morte de José Manoel Pereira”, ressaltou o magistrado.
Só que a investigação do homicídio está sendo tocada pela vara da comarca de Piçarras. O processo em questão, que corre na Vara Militar da Capital, apura forjamento de provas após o assassinato do açougueiro. Conforme consta na decisão, os acusados teriam omitido informações na confecção de boletim de ocorrência, “não fazendo constar os disparos de arma de fogo efetuados contra o veículo do açougueiro” e o fato de a guarnição ter baleado o ageiro do Siena. Além disso, os PMs teriam suprimido gravações do sistema eletrônico de vigilância de um estabelecimento da região.
Segundo uma testemunha que é comerciante da região, os policiais foram ao estabelecimento dele sem farda, identificaram-se como integrantes do Bope e levaram o DVD do sistema de monitoramento eletrônico. Dias depois, devolveram a mídia formatada sem “resquício de qualquer informação que poderia constar” sobre os disparos contra o veículo.
“Diante das condutas por eles praticadas,necessária se faz a decretação da prisão cautelar, principalmente para garantir a conveniência da instrução criminal, haja vista que os réus já suprimiram imagens importantes para o deslinde (..) e poderão novamente valer-se da função pública para ocultação, destruição e embaraço de provas no claro intuito de induzir o Poder Judiciário em erro, colocando em risco a instrução destes autos, contra eles ajuizado”, declarou o juiz.
A reportagem do Notícias do Dia conversou com o comandante da Polícia Militar, coronel Araújo Gomes, na noite desta quinta-feira (9). O coronel disse que foi comunicado da ordem de prisão no final da tarde e que a corporação deu cumprimento imediato.
“Não temos como nos manifestar sobre os fundamentos da medida nem sobre o mérito do processo pois estão na esfera do judiciário”, conluiu o comandante.