“Fui pegar uma caixa de cerveja no freezer e quando coloquei a chave na porta [do mercado] para abrir escutei o tiroteio. Me assustei, porque aqui, que a gente soubesse, ninguém tinha inimizade”. O relato é do comerciante Gonçalves da Silva, que ouviu os tiros da chacina que deixou quatro mortos na noite do sábado (21), em Campo Erê, no Extremo-Oeste de Santa Catarina.

O comerciante tem um mercado ao lado do bar e da casa onde tudo aconteceu. Ao todo, nove pessoas foram atingidas, segundo a polícia. Ele conta os momentos de tensão que viveu. Pouco antes do tiroteio iniciar, ele estava no bar jogando truco, mas resolveu ir para casa.
“Parece que alguma coisa me avisou. Tive um sentido espiritual de sair e vim para casa. Talvez, pudesse ter sido atingido também (sic)“, comenta Gonçalves.
Ele era vizinho das vítimas e afirma que todos eram boas pessoas. A convivência era harmônica e, muitas vezes, eram os primeiros clientes do dia no mercado. Ao ouvir os tiros, pediu para que a esposa não saísse de casa e ambos se esconderam com medo de uma bala perdida.
“Foi assustador. Foi bastante tiro, de revólver, de 12. Nunca vimos uma coisa dessas”, afirma.
Crime chocante 3p3y4l
A chacina chocou a pacata cidade de Campo Erê. O bar e a casa onde tudo aconteceu ficam na comunidade 12 de Novembro, distante cerca de 16 quilômetros do centro do município. Na localidade, vivem 79 famílias.
Os suspeitos da chacina são dois irmãos, sendo que apenas um está preso, segundo a Polícia Civil. Os irmãos teriam descido por uma estrada até a casa, que fica aos fundos do bar, e mataram uma mulher e um homem. Depois, voltaram ao bar e mataram mãe e a filha.
As vítimas da chacina foram identificadas como: Carlos Delfino dos Santos, 63 anos, natural de Saudades; Emídia dos Santos, 53 anos, natural de Campo Erê; Marinalva dos Santos, 18 anos, filha de Emídia; e Ana Cláudia Schultz, 35 anos, natural de Saltinho. A relação de parentesco entre a família e Ana Claudia não foi revelada.

Outros três homens de 26, 41 e 51 anos foram feridos, mas dois não quiseram atendimento médico e um precisou ser levado ao hospital da cidade para avaliação de saúde, conforme a PM (Polícia Militar). Duas mulheres também foram vítimas do ataque, mas a polícia não informou se elas ficaram feridas.
O motivo da chacina teria sido o suicídio de um irmão dos suspeitos, ainda na tarde de sábado, motivado por problemas familiares.
A investigação da Polícia Civil revelou que um homem, de 32 anos, seria o atirador e que ele estava acompanhado do irmão, de 38 anos, que foi preso ainda no sábado. Já o segundo suspeito de 32 anos se apresentou para a PM de Saltinho. O homem de 32 anos foi preso na manhã desta segunda-feira (23).

O homem apresentou a arma de fogo (uma espingarda, calibre 12 GA) que, segundo ele, teria sido a utilizada para cometer os crimes, além de sete munições de calibre correlato.
Conforme a Polícia Civil, a prisão provisória é temporária e, por se tratar de crime hediondo, terá o prazo de 30 dias, prorrogável por igual período e pode ser decretada a prisão preventiva.
Após interrogado, o homem foi encaminhado para a UPA (Unidade Prisional Avançada) de São José do Cedro/SC. As investigações prosseguem para esclarecimento dos fatos.