“Nunca é tarde para um grind”. Esse é o lema que Cesar Bragança Gyrão, 61, leva diariamente à pista de skate na Barra da Lagoa, pertinho de casa, em Florianópolis. “Grind” é a manobra que consiste em encaixar os eixos do skate e deslizar em um obstáculo, que ele executa com perfeição até hoje.
Gyrão anda de skate há 48 anos. Ele ite que aos seus 14 anos, quando subiu em um pela primeira vez, não imaginava que, sendo um idoso, continuaria com essa rotina. “Eu não tinha noção que ao envelhecer iria levar isso junto comigo”, relata.

Tudo bem que lá em 1975 os tempos eram outros. A expectativa de vida brasileira, por exemplo, mal chegava nos 60 anos. Naquela época, as atividades que se poderia imaginar para um idoso eram bem diferentes: como um crochê, talvez?
De lá para cá muita coisa evoluiu. O índice da expectativa de vida, hoje, já é de 80 anos no Estado de Santa Catarina. Mais do que isso, com o avanço da medicina e do o a cuidados, qualidade de vida e informação, sabemos que não há limite de idade para realizar atividade nenhuma. Cesar Gyrão hoje comprova isso, e durante sua vida teve em quem se inspirar.
“Quando eu enveredei no esporte, ei a ter contatos com revistas, com pessoas de fora, de vários cenários. Aqui onde a gente andava, não tinha pessoas mais velhas, de fato eu não imaginava essa longevidade em cima do skate. Mas consegui enxergar isso muito além”, diz.
Gyrão, além de skatista, é jornalista. Ele tocou a revista Tribo Skate por décadas. Com esse trabalho pôde ajudar a inspirar mais e mais pessoas, e ser inspirado por outras que se recusavam a parar.
Hoje o combustível vem da troca com os mais novos. Gyrão, sempre que pode, leva os filhos Constanza e Branco para a pista. Com ou sem eles ao lado, a união e o contato com outras gerações cumprem um papel fundamental.
“Nossa troca é fantástica. No dia a dia estou lá dividindo o espaço com outras gerações. Os mais novos respeitam os veteranos e me puxam para me manter na ativa. Eu o ensinamentos e a história pra eles e tenho esse retorno me puxando pra estar presente”, diz.
Gyrão garante que “vai dar para fazer um grind por muito mais tempo”. Ele não tem uma previsão ou uma meta, prefere deixar em aberto, mas afirma que se enxerga em cima do skate aos 90 anos.
Ótima notícia para a atual e todas as próximas gerações de skatistas que vão surgir em Florianópolis.