A empresa espacial do bilionário Elon Musk, SpaceX, lança sua primeira missão apenas com civis a bordo, nesta quarta-feira (15). Este deverá ser o primeiro voo orbital totalmente civil do mundo.
Ao contrário dos voos da Virgin Galactic, de Richard Branson, e da Blue Origin, de Jeff Bezos, realizados em julho, a nave da Space X atingirá cerca de 250 mil metros de altitude. A tripulação, então, ficará em órbita, dando voltas ao redor da Terra.
Tripulação da Missão Inspiration 4, da Space X, só tem civis – Foto: Reprodução Internet @Inspiration4XJá a nave de Branson alcançou a altitude máxima de 86 mil metros, e Bezos foi um pouco mais longe, a 97 mil metros de distância da superfície terrestre, segundo informações do portal R7.
Conforme o astrônomo Rodolfo Langhi, que coordena o Observatório de Astronomia da Unesp (Universidade Estadual Paulista), não há um número exato de qual seria o limite entre a atmosfera terrestre e o espaço.
Mas a partir de 100 mil metros de altitude, no entanto, já há uma quantidade bem pequena de gases atmosféricos, segundo Langhi. “É possível dizer, portanto, que a partir desta altitude, a tripulação já estaria em órbita”, afirma.
Velocidade garante voo orbital 5q5g3v
De acordo com o professor Fabrício Colvero, idealizador do projeto Bate-Papo Astronômico, para um objeto entrar na órbita de um astro, ele precisa atingir uma velocidade suficiente para não retornar ao astro pela ação da gravidade nem ser mandado para o espaço.
No voo da SpaceX, em que a nave estará a uma altitude de cerca de 250 mil metros, será preciso alcançar uma velocidade de aproximadamente 27 mil km/h.
Desse modo, a nave sobe em direção ao espaço, ganha velocidade e, quando atinge os 27 mil km/h, os motores desligam e ela entra na órbita da Terra, em uma trajetória paralela à da superfície terrestre.
Diferença de outros voos 31l15
“No caso dos voos suborbitais, que são impulsionados como um tiro para cima e voltam praticamente para o mesmo ponto, sem sofrer impacto de colisão com a atmosfera, o maior risco é o lançamento, pois o foguete pode explodir na hora da decolagem. Já no caso dos voos orbitais, como esse da Space X, os riscos são de outra natureza”, explica o professor.
Colvero diz que na hora da descida, a nave adentra a atmosfera a uma velocidade de 27 mil km/h — o equivalente a 8 km/s — e vira literalmente uma bola de fogo.
“Nesse momento, os gases atmosféricos já conseguem frear parte da velocidade do veículo. Por fim, quando ele atinge determinada altitude, paraquedas são abertos para garantir que ele pouse no mar de forma segura”, completa.
Outra diferença entre os dois tipos de voo é que, no orbital, a duração da viagem é muito maior — as viagens espaciais de Branson e Bezos, por exemplo, não chegaram a durar nem 60 minutos. Por esse motivo, a preparação da tripulação também precisa ser muito mais longa, intensa e específica.
Na missão da Space X, os tripulantes civis ficarão três dias em órbita, e terão de comer e ir ao banheiro (com apenas uma cortina garantindo sua privacidade). Apesar de a nave ser pilotada de forma automática, é preciso que eles saibam assumir comandos da nave caso aconteça algum imprevisto.
“Eles am por diversos tipos de treinamento, tais como praticar mergulhos e andar sobre o topo de montanhas, onde o ar é rarefeito, com o objetivo de preparar o corpo para as muitas situações adversas de uma viagem espacial”, afirma Colvero.
“ar alguns minutos no espaço, como fizeram Branson e Bezos, é uma coisa; ar três dias é outra, completamente diferente.”
