A agem de um tornado em Guatambú, no Oeste de Santa Catarina, entre a noite da última segunda-feira (13) e terça, assustou os moradores do município com mais de 4,6 mil habitantes, causando destelhamento nas residências e queda de energia. Além disso, um ciclone bomba foi registrado na mesma região no último ano.

Segundo Piter Scheuer, a maior incidência de tornados ocorre entre o inverno e início da primavera. Ainda segundo o meteorologista, a planície de Guatambú, onde reside, é considerada o “berço das tempestades na região Oeste catarinense”. Isso ocorre por conta da agem de frentes frias, áreas de instabilidades (reforçadas por um sistema de baixa pressão) e fluxo de ar quente e úmido que vem da floresta Amazônica.
“Os efeitos da frente fria e sua agem vem com o maior contraste de temperatura entre o ar quente e frio, criando gradientes de temperatura e pressão que favorecem a formação de instabilidades e tempestades severas com a produção de nuvens supercélula que ocasionam tornados”, explica o meteorologista que estuda as ocorrências climáticas da região.
As nuvens supercélula são caracterizadas por girar no seu próprio eixo, consideradas menos comuns, mas muito severas. Além disso, podem ocasionar chuvas de granizo, raios e temporais.
“O temporal de Guatambú foi provocado por conta do deslocamento das linhas de instabilidade que proporcionou a formação de uma nuvem supercélula na frente do tornado”, detalha Piter Scheuer.
O meteorologista explica que a característica de planície do Oeste favorece a absorção de ventos úmidos e aquecidos do quadrante Noroeste e Norte. Outro traço fundamental para a formação do fenômeno é a oferta de calor e alta umidade relativa do ar e elevados índices de intabilidade.
“Assim favorece o clima atmosférico mais energético e com linhas de instabilidade para a criação de nuvens rotatórias, como a supercélula, que favorecem a formação de tornados”, exemplifica.
Outro fenômeno meteorológico que pode ser observado na região é a formação de núcles de instabilidades (nuvem Cúmulonimbo), ocasionando uma microexplosão, quando o ar frio “desce” das nuvens e o quente sobe. Dessa forma, ocasiona rajadas de vento acima de 90 km/h e ocorrência de granizos e descarga elétrica.
Características do tornado que atingiu Guatambú 5b5e49
Piter Scheuer afirma que o tornado que atingiu Guatambú foi caracterizado como F1 na escala Fujita, caracterizado com ventos de 117 km/h a 180 km/h e potencial para levantar telhas, retorcer objetos e ocasionar diversos transtornos, como ocorreu na última segunda-feira.

“O Oeste é uma das principais regiões de incidência de tornados na América, perdendo para os Estados Unidos, em especial na cidade de Oklahoma”, complementa Piter Scheuer.
De acordo com a Defesa Civil de Santa Catarina, o tornado foi registrado entre 22h50 e 23h15. Além disso, contou com o deslocamento de uma supercélula.
“Através do radar meteorológico, a equipe de meteorologia identificou s (traços), que são características de células tornádicas. Foi utilizado também um outro produto do radar para identificar padrões de tempestades severas”, destaca o meteorologista chefe da Defesa Civil, Murilo Fretta.
Nas imagens do satélite GOES-16 também foi possível verificar a presença de núcleos convectivos associados a tempo severo.
Além do ocorrido em Guatambú, mais de 500 famílias foram atingidas pela agem de um ciclone bomba no dia 12 de junho de 2020, considerado mais forte que os que atingiram Xanxerê, em 2015.