A formação de um ciclone extratropical em Santa Catarina causou nessa terça-feira (30) a morte de nove pessoas e deixou um rastro de destruição em praticamente todas as regiões do Estado.
Teto do Ginásio Willy Germano Gessinger foi arrancado pelo vento, em Corupá, no Norte do Estado, após agem de ciclone extratropical – Foto: Divulgação/NDAlém do ciclone, a agem de uma frente fria em direção ao Litoral foi a responsável por provocar temporais, deixando o cenário ainda mais assustador.
Casos como o do ciclone extratropical fazem parte de um extenso currículo de fenômenos climáticos recorrentes em Santa Catarina. Entre eles, está a enchente que assolou o Vale do Itajaí em 1983, o furarão Catarina que atingiu o Sul do Estado em 2004 e a agem de um tornado em Xanxerê e Ponte Serrada, em 2015.
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O nd+ procurou entender por que o Estado de Santa Catarina é constantemente atingido por desastres naturais, que, muitas vezes, provocam destruições, fazem vítimas fatais e causam dor em milhares de moradores que são atingidos por esses fenômenos.
Condições favoráveis 5i4j2y
A posição geográfica do Estado é determinante para a ocorrência de eventos climáticos, de acordo com Marilene de Lima, meteorologista da Epagri/Ciram. Ela explica que na região Sul do Brasil, sobretudo em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, massas de ar com diferentes características se encontram e causam instabilidade no tempo.
Sendo assim, a região Sul é o ponto de encontro entre massas de ar quente e úmido vindas da região Norte do Brasil, massas de ar seco e frio que vêm da Argentina e massas de ar quente e úmido provenientes do oceano Atlântico.
Essa convergência de massas de ar contrastantes propicia a formação de nuvens mais carregadas, frentes frias e sistemas de baixa pressão atmosférica, que podem causar, por exemplo, os ciclones.
Alerta durante todo o ano 5l5h3k
As condições que favorecem maior instabilidade atmosférica no Estado fazem com que os meteorologistas tenham que estar sempre em alerta para possíveis eventos climáticos. Isso porque, segundo Marilene, a ocorrência desses fenômenos é relativa e pode ocorrer a qualquer tempo, em todas as estações do ano.
“Tem ano que todo o mês ocorre três, quatro situações com uma mesma condição meteorológica, na mesma região. No entanto, não existe um padrão. O que podemos afirmar é que, por exemplo, a ocorrência de ciclones extratropicais é mais frequente de março a outubro, mas não há como definir a intensidade e o número de vezes que vai acontecer”, explica.
Eventos extremos, portanto, podem ocorrer em qualquer época do ano, uma vez que não há uma “receita” pronta. Cada sistema atmosférico pode ter características diferentes que levam à formação de diferentes fenômenos.
Regiões mais propícias 5g4jv
Em Santa Catarina, as regiões que reúnem os “ingredientes” ideais para a recorrência de fenômenos climáticos é o Litoral Sul, o Vale do Itajaí e o Oeste do Estado. Porém, Marilene reforça que, dependendo da situação, há chances de episódios climáticos acontecerem em todas as regiões do Estado.
Inundação causou destruição em Tubarão, em março de 1974 – Foto: Reprodução/Arquivo Público de Tubarão/NDOs fenômenos climáticos ocorrem com mais frequência nas três áreas apontadas por causa das altas temperaturas aliadas à presença de rios e bacias que favorecem o processo de formação de tornados ou eventos associados a temporais.
Maiores tragédias do Estado 5b6m21
Fenômeno: enchente
Quando: julho de 1983
Região: 135 cidades de Santa Catarina, principalmente Blumenau, Rio do Sul e Itajaí
Prejuízos: 198 mil desabrigados, pelo menos 49 mortos e 32 dias de isolamento total.
Fenômeno: enchentes e mais de 3.000 deslizamentos de terra
Quando: novembro de 2008
Região: Alto Vale e Vale do Itajaí, em municípios como Rio do Sul, Blumenau, Itajaí, Ilhota, Gaspar e Brusque
Situação: 14 municípios decretaram estado de calamidade pública e 63 entraram em estado de emergência
Prejuízos: 135 mortes, 80 mil pessoas desabrigadas/desalojadas e mais de 1,5 milhão de catarinenses atingidos.
Fenômeno: furacão Catarina
Quando: março de 2004
Região: sul de Santa Catarina e litoral norte do Rio Grande do Sul, principalmente Arroio do Silva, Araranguá, o de Torres e Balneário Gaivota
Situação: 14 municípios decretaram estado de calamidade pública e sete entraram em situação de emergência
Prejuízos: 33.165 pessoas desabrigadas/desalojadas, 11 mortes, 518 feridos e mais de 36 mil casas danificas/destruídas. Prejuízo de mais de R$ 850 milhões
Fenômeno: tornado
Quando: abril de 2015
Região: Xanxerê e Ponte Serrada
Situação: estado de calamidade pública em Xanxerê e situação de emergência em Ponte Serrada
Prejuízos: 2.000 pessoas desabrigadas, duas mortes, mais de mil casas destruídas/destelhadas
Fenômeno: enchente
Quando: entre Natal e Ano Novo em 1995
Região: Grande Florianópolis
Situação: Defesa Civil do Estado calcula que entre os dias 23 e 24, choveu cerca de 165 milímetros, acima da média de todo o mês (140 milímetros). Em Palhoça, 60% da cidade ficou debaixo d’água, conforme o Corpo de Bombeiros.
Prejuízos: Graves danos em residências, prédios públicos e comerciais, sistema viário e agricultura. Três pessoas mortas.
Fenômeno: enchente
Quando: março de 1974
Região: Tubarão e municípios próximos
Situação: decretado estado de calamidade pública na região Sul. Após um longo período de chuvas e trombas d’água, a cheia do rio Tubarão chegou aos dez metros e inundou a cidade.
Prejuízos: mais de 97% de Tubarão ficou debaixo da lama, com 60 mil pessoas desabrigadas. Diversos prédios públicos e residências destruídas. A estimativa de mortos foi de 200 pessoas.
