Mais uma vez, chuva escancara os problemas de saneamento de Florianópolis e de Santa Catarina 3a364y

Deslizamentos de terra, vias interditadas, viagens interrompidas e horas de agonia para quem paga seus impostos em dia e teme pela própria vida sempre que chove 6q3936

A enchente que colocou pelo menos 30 municípios catarinenses em estado de emergência ou calamidade pública não completou nem um mês e, novamente, o excesso de chuva provoca transtornos e tragédias no Estado. Na terça-feira (20) um deslizamento de terra, em Camboriú, matou duas irmãs adolescentes. A terceira vítima, caçula delas de 9 anos, foi hospitalizada e recebeu alta ainda na terça.

Ninguém escapa dos perigos causados por alagamentos. Nem eles. – Foto: Leo Munhoz/NDNinguém escapa dos perigos causados por alagamentos. Nem eles. – Foto: Leo Munhoz/ND

As interdições parciais ou totais das rodovias também causam sofrimento. Comprometem a logística e interrompem viagens interestaduais e intermunicipais do transporte rodoviário.

Tem ainda o cancelamento de voos. A nova leva de desabrigados e a tristeza das famílias que, em plena véspera de Natal, contabilizam perdas materiais ou emocionais irreparáveis.

Levantamento inicial da Defesa Civil estadual apontava, até o fim da tarde de terça, 131 desabrigados e 55 desalojados em todo Estado. O relatório menciona ocorrências ligadas à chuva em Jaraguá do Sul, onde o rio Itapocu estava no limite; Ilhota, Itapema, Porto Belo e Penha.

Mas o impacto foi bem maior. Diversas cidades ainda não rearam suas ocorrências. Mas elas também atingiram ville, no Norte, São José e Palhoça, na Grande Florianópolis.

Casa alagada na servidão Ernani Souza, na Vargem Grande, em Florianópolis – Foto: Leo Munhoz/NDCasa alagada na servidão Ernani Souza, na Vargem Grande, em Florianópolis – Foto: Leo Munhoz/ND

Em Balneário Barra do Sul, na região metropolitana do Norte/Nordeste, houve alagamentos nos sete bairros. No Vale do Itajaí, Blumenau e Gaspar também registraram dezenas de ocorrências.

Em Florianópolis, no boletim das 16h30, a Defesa Civil municipal contabilizava 90 ocorrências, entre deslizamentos e alagamentos nos dois primeiros dias da semana.

A prefeitura informou que 15 desabrigados foram recebidos em hotel e calcula que 1.600 desalojados tenham buscado proteção nas casas de parentes ou vizinhos. Ao todo, Florianópolis teve 40 interdições totais ou parciais de imóveis com risco à segurança dos seus moradores.

A chuva também prejudicou severamente o trânsito na Capital. Na terça, o tráfego foi bloqueado na SC-405, no Rio Tavares, por causa de um alagamento. A SC-401, na Vargem Pequena, funcionou em meia pista, pois o trecho teve um rolamento de pedras em dois momentos – na madrugada e na tarde de terça.

FGTS liberado 656i4

Na terça, o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD), esteve com a equipe da Caixa Econômica Federal para obter a liberação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) às famílias atingidas por enchentes. O benefício será concedido às pessoas atingidas nas enchentes do fim de novembro e nesta de dezembro.

Quando a situação aperta, o jeito é tentar salvar o que é possível – Foto: Leo Munhoz/NDQuando a situação aperta, o jeito é tentar salvar o que é possível – Foto: Leo Munhoz/ND

“Temos 40 ruas mapeadas na cidade, que comprovadamente sofreram alagamento. Essas serão cadastradas no sistema da Caixa. Quem mora numa dessas ruas e tem conta no FGTS poderá se habilitar em 15 dias para ter a liberação do fundo em até R$ 6,2 mil”, informou Topázio.

Quem mora em ruas que não constam na lista, no início de janeiro, pode procurar a prefeitura para comprovar que teve a casa atingida, fazer o cadastro e ar o benefício.

Moradores do Norte da Ilha pedem limpeza de rio 1l1726

Faxineira em condomínios de Canasvieiras, Marlene da Cruz, 61 anos, estava desesperada quando foi abordada pela reportagem. Ela estava na grande piscina que virou a rua onde mora há 30 anos na Vargem Grande, Norte da Ilha.

Marlene retornava para sua casa, na servidão Ernani Souza, para pegar roupas e voltar para à casa do filho, onde está provisoriamente com o neto e o marido Ademir, 67 anos. Seu Ademir tem as duas pernas amputadas por causa da diabetes.

Marlene está indignada com o poder pública. ‘Eu pago meus impostos” – Foto: Leo Munhoz/NDMarlene está indignada com o poder pública. ‘Eu pago meus impostos” – Foto: Leo Munhoz/ND

“Tem um monte de morador antigo aqui e pagamos nossos impostos. Na hora que precisamos, nem pra limpar os bueiros eles vêm. É a segunda vez em menos de um mês”, disse questionando a ação do poder público.

“Tirei meu marido e voltei para pegar roupa pra mim. Peguei os remédios dele, as roupas e esqueci de mim”, relatou a trabalhadora.

Marlene conta que a rua começou a encher ainda na segunda-feira e que não conseguiu dormir. “Meu marido estava num sofá que levantamos para ele não molhar os pés”, recorda.

Para tirar o marido de casa, Marlene precisou da ajuda dos vizinhos, que arrumaram um bote. Ela diz que tentou ajuda dos bombeiros para retirar o marido de casa, mas não conseguiu.

Segundo Marlene e outros moradores da região, que ficou com diversas ruas alagadas, o maior problema e fator de alagamento é a sujeira no rio Papaquara, próximo à localidade. “Estou muito desanimada. A gente trabalha para adquirir as coisas, pra água levar tudo”, lamentou.

“Não é sempre que acontece isso, mas ultimamente tem acontecido. Quando eu vim para cá não acontecia. Teve uma época que eles limparam o rio e deu uma aliviada”, completou.

Solução definitiva 1e161c

O mecânico Laerte Gross é gaúcho, mas mora há 20 anos em Florianópolis, sempre na mesma casa. Segundo ele, a situação que vivenciou ontem está se tornado cada vez mais comum.

O pequeno Arthur está crescendo e tendo que se acostumar com as cenas de alagamento onde mora – Foto: Leo Munhoz/NDO pequeno Arthur está crescendo e tendo que se acostumar com as cenas de alagamento onde mora – Foto: Leo Munhoz/ND

“Da outra vez, estávamos no abrigo. É óbvio que agradecemos, mas queríamos ver algo para acabar com isso, porque toda chuva é a mesma coisa. Vamos procurar abrigo de novo, porque não tem como ficar dentro de casa. Isso que a minha é mais alta”, declarou Gross.

Precisando ir ao mercado, o mecânico, sua mulher, Vânia da Costa, 35 anos, e os filhos Cauã, de 16, e Arthur, 2, se arriscaram percorrendo a rua alagada. “Cesta básica e assistência ajudam, mas precisamos disso resolvido, senão sempre que chove temos que sair correndo de casa”, afirmou o trabalhador.

Comerciantes contabilizam prejuízos 4p3o43

O alagamento na servidão também prejudicou o comércio local. Ontem, Lucas Eduardo Becker, 20 anos, e a mãe, Jeneci Salete Verus, 45, abriram a loja apenas para vigiar os produtos. A família mora numa casa no segundo pavimento do comércio.

“Graças a Deus, como a casa é elevada, ainda não chegamos a perder produto, mas se continuar chovendo a previsão é que entre água. Estamos aqui só para cuidar do espaço, garantir que a água não entre e estrague as coisas”, comentou Becker.

O que Laerte e seus vizinhos querem é uma solução definitiva – Foto: Leo Munhoz/NDO que Laerte e seus vizinhos querem é uma solução definitiva – Foto: Leo Munhoz/ND

O comércio funciona há três anos, mas a família ainda não havia presenciado cheias como as de novembro e desta semana. “Acontece de alagar com frequência, mas não chega a esse nível, é a primeira vez que vejo isso em quatro anos que estamos morando aqui”, disse Lucas.

“Não dá pra conviver com essa situação. Isso aqui é água de esgoto”, afirmou Becker. Na visão dele, a população também precisa fazer sua parte, parando de jogar lixo nos canais do rio e a prefeitura precisa fazer limpezas preventivas no balneário.

Todos os personagens da matéria vivem na servidão Ernani Souza ou proxomidades. O local está debaixo d’água, como descreveu Simone da Silva na reportagem de Maria Fernanda Salinet.

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