O rastro de destruição causado pela agem do ciclone extratropical em Santa Catarina, na última quarta-feira (10), provocou imagens assustadoras. Entre elas, um vídeo gravado em Itapema, no Litoral Norte do Estado, mostra um andaime solto, se balançando com o vento.

A estrutura se soltou de um prédio por conta dos fortes ventos causados pelo ciclone, e balançou como um pêndulo, desgovernadamente.
Segundo o técnico em segurança do trabalho, Eduardo Graniso Sales, isso só mostra o despreparo do setor frente a fenômenos naturais cada vez mais comuns.
“A construção civil em Santa Catarina, principalmente no litoral, recebe investimentos bem expressivos. Temos o metro quadrado de construção entre os mais caros do Brasil. Mas, infelizmente, construímos prédios de concreto armado praticamente da mesma forma que eram construídos em 1930, com formas e escoras de madeira”, pontua Eduardo.
Antes da chegada do ciclone extratropical, a Defesa Civil enviou alerta para que o Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon) orientasse o setor sobre a previsão de chuva e vento forte.
“A Defesa Civil já tinha emitido um alerta e ninguém foi pego de surpresa. E não estamos ando por nada de novo. Um ciclone ‘bomba’ ocorreu há dois anos, em junho de 2020, e o que aprendemos com isso? Ao que parece, não aprendemos” alerta o técnico.
Por sorte, não houve feridos no caso do andaime solto. A empresa informou que minutos depois, o andaime foi amarrado novamente.
Morador que ava na via registrou momento em que andaime balançava com o vento — Vídeo: Reprodução/ND
O técnico explica que, no caso do vídeo, o ancoramento do andaime à estrutura do edifício poderia remediar a situação. Contudo, ele explica que as falhas vão além.
Para Eduardo, o que precisa ser feito com urgência é investimento no setor. Ele destaca, primeiramente, o investimento na saúde e segurança dos trabalhadores, com qualificação e treinamento.
Além disso, o técnico em segurança do trabalho, com experiência na área da construção civil, fala sobre a necessidade de investimento em equipamentos e órios adequados a nossa realidade.
“Nossa região sofre com ações do tempo, ventos, tufões e ciclones. No Rio Grande do Sul as empresas já utilizam outros tipos de andaimes justamente por conta das condições climáticas” pontua o técnico.
Algumas opções seriam o uso de andaimes fachadeiros, equipamentos fixados na estrutura do prédio, ou o uso de andaimes tipo plataforma cremalheira, ambos já adotados no Rio Grande do Sul.