Amanda Grabner, 18 anos, e Suélen Silveira, 21 anos. Morreram após um motorista alcoolizado colidir de frente no carro onde estavam na BR-470. Angelita Aparecida do Nascimento, 53 anos, Fabiana Figueiredo Felaço, 31 anos, Eduarda Vitória Felaço, 7 anos e Eloá Vitória, 5 anos. Vítimas da mesma família, elas não resistiram aos ferimentos após um grave acidente na BR-282, em Águas Mornas.

Em Campo Alegre, no Planalto Norte, na SC-418, seis pessoas que estavam em um carro de saúde do município de Santa Cecília morreram. A tragédia ocorreu após o veículo colidir com um caminhão no km 52 da rodovia. Já em Videira, no Meio-Oeste, uma criança de 6 anos não resistiu após um grave acidente na SC-135.
Estas são só algumas das pessoas que perderam a vida no último ano em acidentes nas rodovias federais e estaduais de Santa Catarina. Eles fazem parte de uma triste estatística: segundo dados consolidados da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e da PMRv (Polícia Militar Rodoviária), só nos últimos três anos, 1.898 pessoas morreram em acidentes nas estradas catarinenses.
Nas federais, BR-101 lidera ranking de mortes 1v1q5z
A BR-101 continua sendo a líder no número de acidentes e mortes das rodovias federais no Estado. Os dados, inclusive, assustam. Em 2019, a rodovia que liga o litoral catarinense, registrou um total de 146 pessoas mortas – um aumento de 37,7% em relação à 2018, quando o total foi de 106 mortos.

O número também é semelhante a quantidade registrada em 2017, quando 138 pessoas perderam a vida na rodovia. Além disso, em 2019, a via registrou um total de 4.389 feridos, sendo que desses, 919 ficaram em estado grave.
De acordo com a PRF, grande parte dos acidentes registrados na pista estão relacionados a atropelamentos ou que envolvem motocicletas – uma situação que preocupa as autoridades.
“A BR-101 é a rodovia que mais nos preocupa, já que ela é a rodovia com o maior número de movimentação. Por isso, estamos concentrando várias fiscalizações na rodovia, inclusive de alcoolemia e de orientação a motociclistas”, conta Luiz Graziano, chefe do departamento de comunicação da PRF/SC.
Logo atrás da 101, encabeçam a lista as BRs 470 e 282, com 100 e 87 mortes respectivamente em 2019. As duas ainda contam com uma característica em comum: não são duplicadas.
“Nas rodovias de pistas simples, a 282, que é a segunda mais perigosa e a 470, os acidentes graves estão relacionados com as colisões frontais devido a ultraagem em local proibido. Também na 282, ocorre muita aquaplanagem, além da velocidade incompatível, o que faz com que o veículo invada a pista contrária e acabe colidido frontalmente com outro carro”, explica.

O balanço, divulgado pela PRF na última segunda-feira (27) ainda mostra que a BR-163, no Oeste do Estado, foi a rodovia que registrou o menor número de mortes em 2019, com apenas um óbito no local. Um número 83% menor que o registrado em 2018, quando foram 6 mortos.
Já nas estaduais, SC-108 é a principal via em número de acidentes 33572m
Enquanto a rodovia que liga o Litoral lidera nas federais, em relação as estaduais, nos últimos três anos a SC-108 foi a via que registrou o maior número de acidentes no Estado. A rodovia que tem início na entrada da BR-101, em ville, e segue até Praia Grande, na entrada Sul da SC-290, registrou, ao todo em 2019, 34 mortes.

Em 2017 e 2018, a mesma pista teve um total de 36 e 28 mortes, respectivamente. De acordo com o tenente-coronel Evaldo Hoffman, comandante do Comando de Policiamento Militar Rodoviário de SC, os cruzamentos ao longo da pista são um dos motivos para a quantidade de acidentes no trecho.
“Ela tem vários cruzamentos, além de ser uma área muito urbanizada. Para solucionar essa situação, o Governo do Estado está fazendo um contorno em um trecho que será municipalizado, levando o tráfego pesado para fora. Mas, em suma, nossa explicação é: muitos moradores, com muitos cruzamentos”, explica.
Já em relação às outras rodovias, os números variam. Em 2019, por exemplo, as SC-418 e SC-135, empataram no ranking com 13 mortes cada. Já em 2018, o “pódio” é formado, além da SC-108, pela SC-418 e SC-283, com 15 mortes cada. Por fim, em 2017, dividem os primeiros lugares com a SC-108, a SC-350, com 15 mortes e a 480, com 14.
“É claro que há outras rodovias que merecem atenção. A SC-418, na Serra Dona Francisca, por exemplo, nos causa preocupações, por conta da neblina, uma estrada sinuosa e que requer atenção. A SC-401, em Florianópolis, com o fluxo de veículos, principalmente a noite e nos fins de semana, precisa de uma atenção especial”, salienta.

Número de acidentes caiu nas rodovias estaduais nos últimos anos. 2t3v2w
Apesar do número de mortos, os números mostram que houve queda na quantidade de acidentes registrados nas rodovias estaduais nos últimos anos. Entre os anos de 2017 e 2019, houve queda de 17% no número de acidentes.
Segundo dados da PMRv, em 2019, houve 6.878 acidentes, com 3.888 feridos e 233 mortes, em contrapartida, em 2018, foram 7.409 acidentes, com 4.202 feridos e 228 mortes. Por fim, em 2017, os números mostram o pior desempenho: 8.285 acidentes, com 4.833 feridos e 266 mortos.

De acordo com o tenente-coronel Evaldo Hoffman, as operações preventivas e pedagógicas que vem sendo realizadas pela PMRv são um dos fatores que contribuem para a queda nos números.
“Nós estamos fazendo operações pontuais, principalmente nos locais com o maior risco de acidentes, para orientar o motorista e garantir a segurança no trânsito. Além das fiscalizações, operações com radar de forma visível, são algumas das ações, para mostrar a importância de reduzir a velocidade naquele ponto. Outro projeto é o motorista do amanhã, nas escolas, que visa conscientizar as crianças”, conta.
Em contrapartida, nas federais, o número de acidentes vem se mantendo constante e instável. No último balanço divulgado pela PRF, em 2019, foram 8.424 acidentes, sendo que desses, 10.276 pessoas ficaram feridas e 403 morreram. Em 2018, foram 8.478 acidentes, com 9.240 feridos e 387 mortes. Já em 2017, o total registrado nas rodovias foi de 10.658 acidentes, com 381 mortes e 9.758 feridos.

Questionada se houve uma redução nos últimos anos, a PRF informou que, como a partir de 2015 acidentes sem vítimas aram a ser registrados pela internet, não é possível afirmar se há realmente a queda nos números.
“A partir de 2015, os acidentes sem vítimas são registrados via internet, por isso que houve uma redução tão grande nos números. E em 2018, outros acidentes, que eram registrados pela PRF, também aram a ser registrados online. Então, não da para dizer se houve ou não a redução. Nós tivemos um pequeno aumento no número de mortes, isso ocorreu realmente”, salienta.
Imprudência, álcool e excesso de velocidade: os grandes vilões das estradas 466d6v
Mesmo com as dezenas de fiscalizações e ações preventivas realizadas tanto pela PRF quanto pela PMRv, a imprudência no trânsito ainda é um dos principais causadores de acidentes com morte no Estado. Ainda mais, quando a imprudência vem alinhada com o excesso de velocidade, ultraagem em local proibido e o consumo de álcool.
“O trânsito seguro se faz com infraestrutura viária e fiscalização, mas acima de tudo com o comportamento do condutor. O comportamento incide em 90% dos acidentes, geralmente por conta da imprudência. Mas hoje, nas estaduais, o excesso de velocidade com certeza é o principal vilão”, conta Evaldo.

A ingestão de bebida alcoólica, inclusive, é um dos pontos que vem gerando atenção de ambas as policias. Em uma fiscalização realizada pela PMRv no último fim de semana, 243 pessoas foram flagradas embriagadas nas rodovias estaduais catarinenses. Além disso, nas federais, Santa Catarina é o estado com o maior número de flagrantes de embriaguez do país.
“Este número é muito alto. Por conta disso, estamos realizando ações pontuais e preparando operações no Carnaval, para evitar que seja mais um feriado violento nas estradas”, conta Evaldo.
Outro fator que também merece atenção é o uso do cinto de segurança. De acordo com Graziano, a falta do equipamento é muitas vezes a causa de lesões graves, assim como o não uso das cadeirinhas pelas crianças.
“São vários os casos de acidentes envolvendo crianças sem cadeirinhas. Infelizmente, isso é cultural, apesar do equipamento ser a proteção dos filhos. A grande maioria utiliza, mas um bom número de motoristas ainda transporta crianças sem a cadeirinha. Mas o cinto de segurança não é só para elas, já que há muitos casos de adultos também sem o cinto de segurança, principalmente no banco traseiro”, conta.
Em janeiro, rodovias já registraram ao menos 36 mortes 265b48
O ano de 2020 também já começou violento nas estradas. Em 28 dias, ao menos 36 pessoas morreram nas rodovias catarinenses: 25 nas federais e 11 nas estaduais.
Segundo Evaldo, principalmente na época da alta temporada, é necessário que os motoristas fiquem atentos as dicas para evitar ainda mais tragédias no trânsito.
“Primeiro: planejamento é fundamental. Sempre verificar se o veículo está em condições de trafegar. Segundo, planejar o retorno. Se eu vou beber, não posso dirigir, por exemplo. Além disso, sempre respeitar a sinalização de trânsito e redobrar os cuidados com o veículo da frente”, orienta.