Um ônibus é capaz de transportar a mesma quantidade de pessoas que 40 automóveis. Os transportes coletivos levam 48 pessoas sentadas e até 72 no total.
Ações que viabilizam alternativas ao transporte público são discutidas nesta quinta-feira (22), Dia Mundial Sem Carro, celebrado pela Metropolis (Associação Metropolitana das Empresas de Transporte) e Coletivo de ageiros da Grande Florianópolis. A data foi criada em 1997, na França, para discutir alternativas menos poluentes.

De acordo com Sérgio Avelleda, consultor em mobilidade urbana e ex-secretário de transportes da cidade de São Paulo, o Dia Mundial Sem Carro não busca “atacar” os automóveis, mas discutir sua utilização.
“Não queremos extinguir os carros. No entanto, a ideia é trazer para a população reflexões sobre como podem se deslocar de outras formas”, explica Avelleda.
1 ônibus transporta a mesma quantidade de pessoas (48) que 40 carros de eio; e ainda ocupa menos espaço nas…
Posted by Rio Ônibus on Monday, February 3, 2020
O consultor comenta que o poder público e a população devem pensar e proporcionar meios alternativos de transporte, principalmente para pequenas distâncias.
“Hoje, se pensamos em ir a uma padaria ou a um local perto, dificilmente vamos de bicicleta ou até mesmo a pé. Vamos no automático, vamos de carro”, argumenta.
Como uma das alternativas à substituição dos carros, Avelleda sugere que as pessoas em a utilizar mais os transportes coletivos. Segundo ele, a medida fica mais barata para os consumidores e para os cofres públicos que precisam investir em “placas, engenheiros de trânsito e asfalto, por exemplo”.
De acordo com o secretário de mobilidade e planejamento urbano de Florianópolis, Michel Mittmann, programas que estimulam o uso do transporte coletivo, como o Tarifa Vai e Vem e o Domingo na Faixa, por exemplo, são alternativas para incentivar a substituição dos carros.
O benefício da Tarifa Vai e Vem permite o uso dos ônibus durante três horas pagando apenas uma agem durante todos os dias da semana. Já o Domingo na Faixa é válido para todo último domingo do mês com agens gratuitas nos ônibus da cidade.
Bicicletas 6c303y
A bicicleta também é citada como outro meio alternativo e traz benefícios como maior economia, sustentabilidade e uma forma de fazer exercícios físicos otimizando o tempo.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a atividade física pode ser realizada como parte do trabalho, esporte e lazer ou transporte (caminhando, patinando e pedalando), bem como tarefas diárias e domésticas. A ideia é que “qualquer atividade física é melhor que ficar parado”.

Segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade, Florianópolis tem 48,26 km de ciclovias, 76,30 km de ciclofaixas, 55,32 km de ciclorrotas, e 8,49 km de eio compartilhado (para bicicletas e pedestres). No total são 185,37 km disponíveis para bicicletas na cidade.
A pasta explicou ainda que há obras em execução de novas rotas na Avenida das Rendeiras, com 1.990 metros e na Avenida Ivo Silveira com 3.450 metros.
A ciclofaixa, diferentemente da ciclovia, não possui separação física e possui apenas uma faixa pintada no chão. Podem existir “olhos de gato” ou tartarugas para separar a ciclofaixa das faixas de ônibus, por exemplo. Em geral, o uso da ciclofaixa é mais indicado em locais nos quais o trânsito de veículos é menos veloz
Poluição 283j2s
Leonardo Hoinaski, professor do departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e Supervisor do Laboratório de Controle da Qualidade do Ar, aponta que a maior causa de poluição no ar em Florianópolis são os automóveis.
O professor fala que o problema da poluição está principalmente nos grandes centros urbanos, como o caso da Capital catarinense. Os impactos são diversos, principalmente próximos às rodovias em que o fluxo de veículos é alto.
“Há ainda pessoas que ficam, por exemplo, esperando um ônibus nestes locais e recebem todos os poluentes emitidos pelos carros”, afirma o professor.
Estas pessoas são obrigadas a respirar o ar mais “poluído”, o que, segundo o MDS (manual para médicos utilizado em todo território nacional), pode causar problemas de saúde.

De acordo com Hoinaski, durante a pandemia de Covid-19 foi possível mensurar o impacto do uso dos automóveis em todo o mundo.
“Existem diversos artigos científicos no mundo todo que concordam que, durante a pandemia, quando alguns governos tiveram medidas para que as pessoas ficassem em casa [lockdown], as emissões de gases foram menores”, conclui.
Um artigo publicado pela UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) intitulado “As mudanças ambientais decorrentes do isolamento social e da pandemia da Covid-19” comprovou a tese. O estudo mostrou que a melhora na qualidade do ar foi resultado da queda no uso de transportes que emitem poluentes, associada à diminuição do uso de energia elétrica e dos transportes marítimos no oceano Índico, por exemplo.
O mesmo artigo científico explica que a redução dos níveis de poluição do ar traz benefícios até mesmo na diminuição de mortes prematuras e de casos de asma em crianças.